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A queda do saldo comercial e suas implicações
Para este ano, estimamos um déficit externo próximo de US$ 47,5 bilhões (2,6% do PIB), após US$ 21,9 bilhões em 2018Mariana Silva de Freitas, Constantin Clemens Jancsó*
A queda do saldo comercial brasileiro tem sido expressiva ao longo desse ano.Tanto o saldo físico quanto o contratado desaceleram de forma relevante, em função do menor crescimento global e da queda dos preços de commodities. Essa piora na balança comercial tem levado a uma deterioração do resultado em conta corrente, que, somada à saída de fluxos financeiros, ajuda a explicar a piora do fluxo cambial em 2019. Esse quadro, entretanto, não deve limitar uma apreciação cambial no próximo ano se houver estabilização a economia global e melhora do crescimento brasileiro.
Até outubro, o superávit da balança comercial acumula queda de US$ 12,7 bilhões comparativamente a 2018.O grosso do movimento é explicado pelo recuo das exportações, uma vez que as importações mantiveram tendência gradual de recuperação. Em outras palavras, a deterioração recente tem pouca ligação com temas ligados à economia brasileira e, muito mais, à economia global.
A queda do saldo comercial já teve impactos importantes sobre as contas externas até o momento.O déficit em conta corrente somou US$ 37,4 bilhões nos doze meses encerrados em setembro. Para este ano, estimamos um déficit externo próximo de US$ 47,5 bilhões (2,6% do PIB), após US$ 21,9 bilhões em 2018, com impacto baixista de quase US$ 17 bilhões do saldo comercial. Em adição, houve saída importante de recursos financeiros, que levou à piora do câmbio contratado como um todo. A piora mais relevante, na margem, tem sido do saldo comercial, de toda forma.
Para o ano que vem, a recuperação da demanda doméstica deve ser vetor determinante para uma queda adicional saldo comercial, enquanto a economia global não apresenta recuperação mais sustentada.As importações devem acelerar na esteira da maior expansão do consumo e dos investimentos, levando o PIB a crescer 2,2% no próximo ano. De um modo geral, entretanto, o resultado em conta corrente seguirá sendo amplamente financiado pelos investimentos diretos, que ultrapassam US$ 70 bilhões.Além disso, à medida em que a economia brasileira ganhe tração deve haver melhora nos fluxos financeiros de portfólio, levando o real a apreciar em relação ao atual patamar, encerrando o próximo ano em R$/US$ 3,80.
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* Mariana Silva de Freitas, Constantin Clemens Jancsó são economistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.

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